As “clínicas sociais”
As chamadas “clínicas sociais” de Psicanálise existem em diversas partes do país e são organizadas em distintos formatos por instituições universitárias, escolas de Psicanálise, empresas, assim como por psicanalistas organizados em grupo ou independentes. Suas existências remontam à história das “policlínicas” impulsionadas por Freud e seus primeiros discípulos na Europa logo após a I Guerra Mundial. Os interesses que movem as clínicas de hoje, no entanto, são bem mais amplos do que os que moviam as policlínicas, indo desde a formação de novos psicanalistas e o desenvolvimento de pesquisas, até atividades filantrópicas, assistenciais, associativas, comerciais, religiosas, etc.
Desterritorialização da Psicanálise
Durante a pandemia de COVID-19, a internet como meio para a realização de sessões com Psicanálise deixou de ser um tabu e ocupou um lugar de importância ao lado do ambiente tradicional do consultório. Consequentemente, percebemos hoje uma desterritorialização da prática psicanalítica. É comum psicanalistas e analisandos estarem em cidades, estados e até em países distintos, e plausível que realizem sessões online mesmo que morem no mesmo bairro.
Uma clínica online, com território
A iniciativa dos Plantões Psicanalíticos Online busca territórios e populações específicas para operar como uma antessala acolhedora dentro do edifício do tratamento psicanalítico tradicional. Apostamos na escolha do território para impulsionar a clínica psicanalítica para além dos setores da sociedade historicamente pagantes de serviços psicológicos privados, que compõem a maior parte dos frequentadores dos consultórios de Psicanálise hoje.
Durante o acolhimento nos plantões, os psicanalistas utilizam ferramentas que extrapolam o objetivo da entrevista preliminar clássica. Isto é meta prioritária não é gerar análises com agendamentos individuais semanais, honorários previamente estabelecidos, uso do divã, investigação em direção à infância etc. Há ausência de qualquer pressão nesse sentido direcionada aos frequentadores.
Freud foi bastante elástico ao lidar com as inovações técnicas desenvolvidas pelos seus discípulos. Ou seja, compreendia que a criação de um modelo imutável marginalizaria a Psicanálise. A heterodoxia aplicada nos Plantões, contudo, distancia-se de ecletismos metodológicos ou da falta de compromisso com a base teórica freudiana. De maneira coletiva, os plantonistas debatem regularmente suas práticas, engajam-se em estudos e, no momento, preparam publicação própria para divulgar suas reflexões, conclusões e experiências.
Plantonistas
Pedro Henrique Corrêa; psicanalista, psicólogo, mestre e doutor em Saúde Coletiva.
Erica Souza; psicanalista, psicóloga e especialista em Recursos Humanos.
Marcella Petinati; psicanalista, analista de sistemas, especialista em Fundamentos da Psicanálise.
André Bogaz; psicanalista, historiador e especializando em Sociopsicologia.